13 de mai. de 2007

QUE HEI DE FAZER


Que fazer quando os dias não têm fim
e a chuva fustiga, o vento castiga, a noite assombra.
Que fazer quando as noites são eternas
e as estrelas não são avistadas.
Que fazer quando os caminhos não têm fim
e as estradas se repetem e se cruzam
terminando em becos escuros sem saída.
Que fazer quando o sol enferma
e a nossa vida arrefece, degenera e apodrece.
Que fazer quando os navios
não aportam mais neste cais
quando as riquezas e as especiarias
se tornam raras.
Que fazer do que resta da vida por viver
da vida perdida, da vida sem memórias
do tempo das ausências, da vida adiada
do sono intranquilo, dos sonhos assassinados.
Que fazer do amor naufragado
do amor perdido, nunca encontrado.
Que fazer dos amantes de ocasião
do amor em segunda mão.
Que fazer com a vida
esta vida única e preciosa
desperdiçada assim sem remorso.
Que fazer quando já não existes
e ainda vives no meu sonho.

Que fazer quando a morte
me perguntar se estou pronto para a viagem
que vou eu dizer
sim
que vou eu dizer
que andei distraído e não vivi de facto
que me baralhei com os sonhos que não eram meus
que não sei o que fiz do amor
que o perdi para nunca mais o encontrar
que vou dizer
aquela negra e hedionda figura.

Atit Ordep (Ferido por acaso)

Foto SXC

2 comentários:

CarlosCoelho disse...

OLÁ...
SEI O QUE VOCÊ PODE FAZER.
AMAR INCONDICIONALMENTE...
ADOREI SEU BLOG.
MIKII

Ferina*izil* disse...

Linda esta sua poesia, adorei