5 de set. de 2008

DESTEMPO


foi um tempo doce
aquele em que te via
acima de todas as coisas

foi um tempo de visões
de sonhos encomendados
e chuvas agridoces

foi um tempo primaveril
para desabrochar convicções
e projectar linhas no horizonte

foi um tempo de ilusão
de truques de magia
e espectáculos pirotécnicos

foi um tempo de luxúria
de pecados não confessados
e enganos propositados

foi um tempo de ilusão
nos corpos que se fundiam
em fogos ateados por crianças

foi um tempo que passou
e agora o tempo demora
a passar num só dia

foi um tempo que passou
por debaixo de uma ponte
cujas margens não se uniam

foi um tempo que ainda existe
na memória e na dor
de um amor inacabado

foi um tempo a destempo
aquele em fechaste os ciclos
dos dias intermináveis

foi um tempo de revelações
acabrunhado na solidão
entendeste o fim do amor

Atit Ordep

Foto de Pedro Cabral

Um comentário:

Karol ---de BH--- disse...

lindo esse destempo. "entendeste o fim do amor" como ninguém =)