26 de mar. de 2010

POEMA CHATO E COMPRIDO


amo-te
porque me apetece
amo-te
mesmo quando não me apetece

amo-te
despida
amo-te
mesmo vestida
amo-te
com e sem roupa
amo-te
incondicionalmente
amo-te
mesmo contrariado

amo-te
muitas vezes ao dia
amo-te
todos dias no ano
amo-te
até os dias esgotarem as horas
amo-te
quando estás longe
amo-te
quando estás perto
amo-te
por cima de mim
amo-te
por baixo ou de lado

amo-te
como um louco
amo-te
sem juízo
amo-te
sem saber
amo-te
sem saber o que fazer
amo-te
sem saber como parar
amo-te
inevitavelmente
amo-te
muitas vezes
amo-te
com muita força
amo-te
com jeitinho
amo-te
de uma forma desajeitada

amo-te
porque sou estúpido
amo-te
mesmo que fosse inteligente
amo-te
como um ditador
amo-te
como um democrata
amo-te
como um guerrilheiro
amo-te
mesmo em estado de guerra
amo-te
antes da catástrofe
amo-te
mesmo depois de morrer
amo-te
nos bosques
amo-te
nos carros
amo-te
nas camas
amo-te
nos cinemas
amo-te
nos circos
amo-te
nos concertos

amo-te
mais que tudo
amo-te
antes de tudo
amo-te
depois de tudo
amo-te
apesar de tudo
amo-te
em desespero
amo-te
em coma
amo-te
mesmo ferido, agonizando
amo-te
na mesma
amo-te
mais que a vida
amo-te
para além da morte

amo-te
de formas tão diferentes
amo-te
até me sentir tonto
amo-te
porque sim
amo-te
mesmo que não
amo-te
de facto
amo-te
como num amor de perdição
amo-te
com este amor que tenho
amo-te
como neste poema chato e comprido

amo-te
como chuva me molha o peito
amo-te
como lágrimas me molham a alma
amo-te
vezes sem conta
amo-te
desesperado
amo-te
feito um tonto
amo-te
simplesmente
amo-te
apesar de complicado
amo-te
no fim
amo-te
no fim de tudo
amo-te
no fim deste poema

Atit Ordep

Foto de Carlos Lopes Franco

Um comentário:

Suely Ribella disse...

Ai q chato! acabou? rsrs...
Adorei! Beijinhos!