16 de dez. de 2010

ABRAÇO


pelo caminho
parei para te abraçar
senti as raízes penetrarem a terra
e o tempo abrandar

penso nisso agora
reparo que o sol não se movia
o vento não soprava
e os teus olhos fechados
percorriam o céu da minha boca

eu agarrava-te
com força e delicadeza
o suficiente para me fundir contigo
num cadinho de barro

as aves poisadas
nos meus sonhos
esperavam que tu os estilhaçasses
para poderem voar

eu acreditei
abraçava o mundo
expurgado de pecados
e o teu amor imaculado

e quando abri os olhos
tinhas partido
ficou só um aroma
do teu corpo nas minha mãos vazias
Atit Ordep
Foto de Alexandre Grand

Um comentário:

Néia disse...

Olá Henrique...

Bela poesia excitante e ardente, assim como a maioria dos relacionamentos. Aqui comentando pela primeira vez, gostei muito e voltarei.
Neia Felippe aproveitando para desejar Feliz Natal...