25 de jan. de 2011

A ENORME ANGÚSTIA DE PENSAR EM TI VEZES SEM CONTA


corri enormes serventias interiores
sem vislumbrar saída para o exterior
todas as janelas
todas as portas
desembocavam num espaço fechado

palmilhei caminhos sem fim
só encontrei janelas fechadas
e portas de acesso a quartos
que não deixavam pressentir a rua

com o coração ansioso e cansado
e o choro na ponta dos olhos
abri a porta final
onde estavas tu e mais alguém

voltei costas ao horror
de um corpo sem alma
e com o choro a saltar dos olhos
corri mais uma vez
corri até a tua voz
que chamava por mim deixar de se ouvir

de novo nos corredores interiores
deste pesadelo repetido
chorei com raiva incontida
por ter perdido de novo
a noção da porta que se abre para a rua

Atit Ordep


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